- AAAAAAAAA! -ouvi Justin gritar pela casa com algum amiguinho.
- Ahn...
- Droga?
- Sim! É...podemos falar por mensagem? Eu não posso falar isso alto.
- Ok, claro.
- Tchau.
- Tchau.
Desliguei e mandei: "A pior coisa" "Que eu tenho?" "Sim" "Eu não posso" "Por que?" "Mike disse que alguma vez, caso você quisesse, eu não poderia "matar você"" "Legal, e onde ele tá agora? Ele não vai saber" "Já usou LSD?" "Já, mas...algo mais emocionante" "Woww, DOC?" "O que é isso?" "Deve ser o tal do emocionante que você procura, o efeito é dez vezes pior que LSD" "Ok" "Mas eu não posso" "Você pode! Mas se não quiser tudo bem" "Ok" "Posso achar traficantes que realmente estão precisando de dinheiro" "Você venceu. Pode ir ao restaurante mais próximo da sua casa agora?" "Posso".
Bloqueei o celular, coloquei uma roupa melhor e mais discreta e desci. Fui pegar o carro e "eles" ainda estavam lá, me encheram o saco mas eu acabei saindo. Até parece que eu ia ver Lucas.
Cheguei ao restaurante. Vi aquele homem, gelei um pouco. Tentei agir normal. Agimos normalmente fingindo vir à um restaurante para sua verdadeira finalidade.
- Ok, olha... -ele fez uma pausa mas mesmo querendo o olhar para ver qual era o problema não consegui- Quando eu disse "olha" era pra olhar para mim e não para o que eu vou falar.
- Eu não consigo.
- Por que?
- Eu tenho medo. -falei baixo.
E ele sabia porque. Ele quase me matou!
- Medo? Ok, você já quase morreu, teve coragem de namorar o cara que até a prisão do país dele está o rejeitando, porque para os Estados Unidos é uma vergonha tê-lo aqui e... -interrompi olhando em seus olhos.
- Ok! Fala logo, eu não tenho medo.
- Ótimo. -ele sorriu.
Esperei ele dizer mas ele não falou nada.
- Por que você está olhando pra mim desse jeito?
- Porque você é bonita. -ele fez uma pausa- Esquece, você tem namorado. Não vem ao caso.
- Eu odeio meu namorado. Mas...não vem ao caso. -sorri, mas pouco.
- Não. Então...
No restaurante tocava uma música chata até que começou "I Found You" do The Wanted.
- Eu amo essa música. -ele disse.
- Eu gosto. -ri- Pena que me faz lembrar de...você sabe.
- Desculpa.
- Ok, eu não ligo. Eu não tenho medo. -ri e ele sorriu.
- ...
- ...
- Isso tá perdendo a finalidade.
- Está.
Ele arrastou um "papelzinho" na mesa e deixou próximo à mim.
- É isso. -ele disse.
- Isso? Você tá brincando comigo?
- Se você tiver sorte, não morre em 30 horas.
- Obrigada. -coloquei na bolsa e tirei o dinheiro.
- Obrigado. -ele sorriu.
- Você conhece o Peter?
- Peter?
- Ele é meu irmão.
- Peter (SeuSobrenome)... (SeuNome) (SeuSobrenome). Sim!
- Ok, eu tenho que ir. -levantei e sai andando. Imaginei que ele ficou olhando pra mim.
Cheguei em casa e encontrei com eles na sala mais uma vez.
- Demorou. -disse Math.
Comecei a cantar baixinho e fui pra cozinha beber água. Pra ele ver que eu estava ignorando mesmo.
- Onde você tava? -perguntou Cody quando eu voltei pra sala.
- Passeando. -fui grossa.
- Não precisa falar assim, (SeuApelido). -disse Alli.
- Qualquer coisa, eu estou no meu quarto. -sorri ironicamente.
Subi e encostei a porta. Depois de usar deitei na cama e fechei os olhos. Curti o silêncio.
- Posso entrar? -Cody abriu a porta.
- Quem te deu a senha? -abri os olhos.
- Estava aberta.
- Ah. -fechei os olhos novamente.
Ele sentou na cama, de costas para mim.
- Eu nem deveria estar aqui. Você deve estar com raiva de mim, me desculpe.
Comecei a sentir uma energia vindo de dentro, mas continuei parada enquanto pude.
- Tanto faz.
- Não! Desculpa!
~POV Cody~
- Tud...
- Agora sério, pra onde você foi?
- ...
Ela demorou pra responder. Virei para olhar para ela, estava com os olhos fechados. Deve estar cansada.
- Ei. Acorda. -encostei minha mão em seu braço- Fica acordada só pra me ouvir.
Chacoalhei.
- (SeuApelido)? -perguntei- Eeei! (SeuApelido)?!
Levantei e a chacoalhei mais. Achei estranho porque ninguém dorme assim do nada.
Desci desesperado.
- A (SeuApelido) desmaiou e não quer acordar! -gritei.
- Ela o que?! -Math perguntou e chamou a mãe dele. Eles subiram e logo o pai apareceu.
Ela realmente não acordou e acabamos chamando uma ambulância. Fiquei desesperado porque aquela casa era cheia de escadas, o jardim enorme para atravessar e tudo mais. A mãe dela não aguentou ir com ela e então foi com o pai no carro. Math foi e eu disse pra ele não desligar o celular, assim eu ouvia tudo.
- ELA PAROU DE RESPIRAR! -ouvi um dos carinhas falarem.
- Math? -perguntei.
- Tô calmo. -ele mentiu.
Ela foi levada pra emergência quando chegou lá. Esperávamos a 3 horas e nada. Foi muito agoniante até porque eu a vi desmaiar.
Quando o médico saiu ele deu a notícia:
- O coração dela parou. -filho da mãe, fez uma pausa- Mas reanimamos, ela teve uma overdose grave.
A mãe dela começou a dar um xilique no meio do hospital.
- Ela vai ficar bem? -Math perguntou quando a mãe se acalmou.
- Provavelmente. Ela ainda não está acordada e...É agora ou nunca, ela precisa ir para uma clínica. Mais uma overdose dessas e não tem volta. Não conseguimos volta nem agora! -o médico disse.
- Mas vão conseguir. -eu disse já com o coração à mil.
- Estamos tentando. -ele disse.
- Você não parece estar tentando. -eu disse.
Math me puxou.
- Cody, calma.
O médico se retirou. Disse que podíamos ir embora. Os três foram. Eu fiquei mais um pouco. Estava vazio, resolvi ficar pensando. Minha namorada está morrendo e a única coisa que consigo pensar é no meu orgulho. Por um lado estou mesmo fingindo me importar tanto mas quando vem a palavra "morte" e a possibilidade de isso acontecer com ela. Com isso o meu coração dá saltos enormes e eu penso que agora, penso agora que neste momento é a hora de eu mudar.
Eu não sei quando ela vai acordar ou SE ela vai acordar. Dói, né? Eu não quero nem imaginar o quanto isso dói para o Math então. Eles são gêmeos e acho que isso é o que os une, eu nunca vi um amor igual, imagino se seria legal eu ter uma relação dessas com a Alli. Talvez não, seria nojento e estranho.
Eu não a culpo. Sério, eu não duvido nada que ela ainda goste de Mike e eu nem imagino tudo que eles passaram juntos! O cara é um pouco menos ou mais de 10 anos mais velho que ela, não lembro. Ela aguentou. O namorado bate nela, e confesso, sempre a pego quando estou com raiva e sei que comparado à ela, sou muito forte; nunca vi pais iguais aos dela, mano, o que eles fazem pelo filho? Nada! Nunca vi um ato de afeto, é só dinheiro, dinheiro e mais dinheiro! Ele é meu melhor amigo, talvez, pois é mais Math é a pessoa mais sem falta de inteligência, mais metida e com espírito de soberba que eu já conheci na minha vida inteira. O que eu sempre senti por essas pessoas foi nojo, aí num belo dia me apaixonei pela (SeuNome). Minha família ficou mais rica um pouco. Acho que tá bom assim, já pode parar por aqui. Minha mãe briga comigo todos os dias dizendo que ela não é boa pessoa para mim e nem boa influência, ela diz que comecei a beber e usar drogas por causa dela. E foi, não dela, do Math mas pra minha mãe é a mesma coisa. Acho que não é só a minha hora de parar como já deu pra todo mundo. Eu fico quieto quando vejo Alli usando por não ter moral, é o sujo falando do mal lavado. Mas que machuca ver ela completamente fora de si, machuca. Josh é outro viciado. Sim, e essa é a palavra. Eu jamais ia imaginar que ele tivesse um caso com a minha irmã. JAMAIS!
Se for parar para pensar, quase não temos amigos além de nós mesmos. Por falar nisso, não culpo Alli ou Josh pelo que fizeram, no meu passado obscuro quando estávamos bêbados (ou só ela) tirei a virgindade de Nicole e acho que isso para as meninas é uma parada séria. Nesse mesmo passado já fiquei com Ruby algumas vezes e só Sophie que não. Math já deu uma comida em todo mundo, menos a irmã dele, claro. Jake é outro. Os dois vivem em guerra mas são iguais. Joel só namorou com Sophie, Cambo com Nicole e minha namorada. Ah, e também com a Alli, não, não duvido. Josh também, pegou todas.
Que bela viajada, Cody. Nem lembro o que eu estava pensando no início. Levantei daquele sofá e fui embora. Por um momento esqueci do mundo, esqueci que haviam pessoas me esperando lá fora para me enfiar flashes na cara. Abaixei a cabeça e entrei no carro, perguntaram o que havia acontecido com ela mas eu me calei. Cheguei em casa e tomei um banho quente. Coloquei uma bermuda e deitei na cama. A ideia de que (SeuNome) pode morrer batucava na minha cabeça e eu fico mais desesperado a cada minuto. Tentei afastar esse pensamento mas não rolou. Tentei dormir mas o sono não veio. Tentei esquecer mas não sabia o que fazer pra isso acontecer. Liguei para Math, ele deve estar pior do que eu.
- Ei. -eu disse quando ele atendeu.
- Oi. -ele respondeu.
- E aí?
- Eu não sei o que fazer.
- Somos dois. -sentei na cama.
- Fiquei pensando em tudo, até no que ela disse sobre você antes de ir pro hospital.
Gelei, eu sei que se Math descobrisse que eu faço a irmã dela de saco de pancada, eu viraria isso ou até coisa pior.
- Ah...é, bom, como você disse, "antes de ir para o hospital". Ela não sabia o que estava dizendo.
- Talvez.
- E depois que ela saiu que foi parar no hospital.
- É mesmo. Mas por que ela falaria aquilo do nada?
Eu ia travar, sério, eu ia.
- Porque...ela ainda gosta do Mike.
- O que?! Você acha?
- Tenho certeza.
- Acho que não...
- Acho que sua irmã não te conta muito da vida amorosa dela.
- Não.
- Eu tô na dela e acredite, eu sei.
- Mas ela que meteu ele na prisão.
- Foi na hora da raiva.
- Verdade. Então...desculpa qualquer coisa. Ter te culpado, eu sei que nunca faria isso.
- Relaxa. Ainda não perdi a noção da vida. Se é que eu tenho.
- Nós não temos. -ele riu.
- Você ainda consegue rir numa situação dessas.
- Desculpa. Vai ficar tudo bem. Vou desligar.
- Falou, cara.
- Te amo.
- Eu também te amo.
- Tchau.
Desliguei. Levantei e fui até a janela. Olhei para o outro lado da rua e a cortina do quarto dela estava aberta. O quarto com a luz apagada apenas com as luzes da rua iluminando. Vazio, silencioso, chato.
Voltei à cama. Não ia ficar me corroendo com aquilo. Irônico, né? Depois de tudo que fiz para ela... me arrependo, ou essa não seja a expressão certa mas que eu me preocupo, eu preocupo. Como vou dormir sabendo que ela está lá? Quase que eu chorei mas estava tão sério e preocupado que não deu. Virei trezentas vezes na cama. Deu 4 horas e o sono veio, dormi até as 5:30. Levantei, tomei banho, me vesti, comi alguma coisa e fui até o hospital.
O médico que cuida dela me disse que ainda ninguém podia entrar.
- Mas ela tá bem?
- Escuta, o que você é dela?
- Namorado.
- Ah, ok. Ela ainda não acordou.
- Por que? O que aconteceu?
- Fizemos exame de sangue.
- E...?
- Encontramos DOC.
Meu queixo caiu, eu nunca devo ter olhado para alguém daquele jeito.
- Eu tenho que ir.
Entrei no carro e liguei para o Cambo por mais que eu esteja com ódio dele depois do que ele disse.
CONTINUA?
continua logo :)