- Precisava de você. 

- Precisava?

Ele voltou a fumar.

- Aqui tá bem melhor do que em casa.

- Por que você estava chorando?

Aquele momento em que estar do lado de Mike Bentler é melhor que a própria casa...

- Não estava chorando.

- Estava chorando desesperadamente. -ele apagou o cigarro e jogou longe procurando o meu rosto que estava muito baixo.

- Briguei com o Cody. -falei seca.

- Não vai me falar que aquele menino te bateu de novo?

- Não, nem foi.

- Você tá mentindo, em alguma coisa você tá mentindo.

- Não tô! Se você não parar de falar, eu vou embora. 

- Não vai. Ele te bateu?

- Não! -funguei tentando não chorar. As cenas da tarde de ontem voltavam à minha mente.

- Me fala o que foi!

- Não briguei só com ele.

Ele não disse nada esperando que eu continuasse.

- Meus amigos também não, meus ex amigos, nem meu irmão. 

- O Math? 

- Aham. 

- Eita. -ele entendeu a gravidade da situação. 

- Mas o que você fez?

- Eu não fiz nada! -já disse chorando e senti seu coração bater mais rápido- Foi ele que fez! Foi ele e a culpa tá vindo toda sobre mim! Eu não fiz nada, eu não pude fazer nada!

- Do que você tá falando? 

Funguei mais uma vez e fiquei quieta.

- Tá falando do Cody? 

- Não! Antes fosse, eu prefiro mil vezes apanhar dele.

- Fica calma e conta de uma vez.

- Um homem abusou de mim e eu tô desesperada. Mike, foi horrível. -apertei a camiseta dele.

- COMO?! QUEM?

- Você não conhece.

- Quem, (SeuNome)?

- Não vou falar, ele disse pra não contar pra ninguém senão...

- Tá, quem você acha mais perigoso? Eu ou ele?

- Você.

- Então conta.

- Meu professor. Ele vivia me perseguindo, me olhando estranho e ele tem um jeito estranho. Aí, ontem estava só eu e ele na sala de aula, ele trancou a porta e...

- Espera. Quantos anos ele tem? 

- 30. -respondi.

- Mas eu tenho 25, não faz muita diferença. 

- Não, Mike, faz sim, ele me machucou. Eu disse que não queria e ele me bateu, eu não parava de chorar e ele dizia "Não chora, para" do mesmo jeito que o Cody fala quando me bate.

Mike estava me ouvindo, me vendo chorar tentando enxugar minhas lágrimas, diferente do...

- Eu não quero voltar para aquela escola nunca mais! Se eu ver ele de novo?! -apertei a camiseta dele- Ainda pediu pra não contar pra ninguém é agir normalmente. Me deu três dias pra aparecer na escola de novo pra não acharem suspeito.

- Como é o nome dele? -Mike perguntou agora com raiva, abandonando a voz calma de quase sempre.

- ...

- Fala.

- O que você vai fazer?

- Nada.

- Mente que eu gosto. -tentava engolir o choro.

- Deve gostar mesmo pra namorar com um menino que trata as outras com quem te trai super bem pra depois te tratar igual cachorro.

Com isso eu chorei mais do que antes juntando as duas coisas.

- Vou embora, você só vai ficar me fazendo mais mal?!

- EU SÓ TÔ TE FAZENDO VER O QUE É VERDADE!

- Não grita! 

- Desculpa.

- O pior é que...

- Eu tô certo, eu sei.

- E agora? 

- Não sei. -ele pareceu dar de ombros.

- Para com isso! -dei um tapa na mão dele que segurava o cigarro.

- Você não tá nem tossindo. 

- Nem você. Tá, e daí? 

- Os dois já estão acostumados com isso, então de boa.

- Nada de boa.

- Me acalma.

- ...

- ...

- Isso foi um convite? -perguntei.

- Não, mas se você quer se convidar...

- Eu não posso.

- Por que? Você foi pra reabilitação por causa dos outros, você não queria magoar eles. E agora? O que eles fizeram com você? 

~POV Cody~


Quando amanheceu, eu acordei e fui tomar banho. Como namorado eu pelo menos deveria ter fingido acreditar no que ela disse. Pelo menos. Mas não, não deu, como disseram as meninas foi ridículo, eu prefiro falar absurdo pra ficar menos gay.

Fui pra escola e confesso que fiquei a esperando mas não rolou. Acho que os outros não estavam nem ligando, conversando normalmente.

- Ow, -dei um tapa no braço de Math com as costas da mão- cadê a sua irmã? 

- Não sei.

- Você não mora com ela? -perguntou Jake. 

- A porta do quarto dela tava fechada, acho que ela não quis vir de birra.

(...) 

No outro dia foi a mesma coisa, ela não veio e Math não a viu, mas nessa ele ficou preocupado porque não a encontrou em nenhum lugar da casa.
Por falar em desespero, Abby veio falar comigo. Nunca vi alguém tão agoniado assim.

- Cody, eu tenho que te contar uma coisa.

- Você tem que chorar que eu tô vendo.

- Tem muita gente aqui. 

- Ignora.

- Eu fiz o teste da farmácia e deu positivo, isso já aconteceu outras vezes, mas tá, aí eu fui no médico e é certeza absoluta, eu tô grávida. 

- QUE?!

- SHHHHHHHH! Não chegou na pior parte. -ela começou a chorar.

- Qual é a pior parte? -perguntei com receio. 


- É do Lucas.

- QUE?!

- Para de fazer escândalo! 

- Não é escândalo, eu não tô acreditando! 

- Eu também não queria que fosse verdade.

A puxei e a abracei, foi só o que eu consegui fazer.

- Me ajuda, a minha mãe não pode saber, e se o meu pai souber que eu tô grávida, ainda mais de um drogado eles vão comer meu fígado. 

- Não vão saber. Mas ele vai ter que assumir.

- Sim.

- Cadê ele?

- Não, Cody, não!!

- Ali. -a soltei e gritei. Ele se aproximou.

- Que é?

- Você fumou um basea...

Ele levantou quatro dedos da mão esquerda deixando o polegar abaixado.

- Quatro, e vem pra escola assim?

- Fala logo! -ele disse coçando os olhos. 

- Ela tá grávida. 

- Legal. -tirou a mão dos olhos.

- E o filho é seu.

- E você quer que eu faça o que?

Eu não acreditei na hora que ele falou isso, o segurei pela camiseta o colocando contra o armário. 

- Eu tô falando sério, não tenho nem lugar pra morar. -disse Lucas.

- O problema é seu! -respondi.


- Cody, não precisa disso! -Abby tentou me afastar dele.

O sinal tocou e eu o larguei. Entramos os três na sala e a aula de sociologia começou. 

- Abby, tá tudo bem? -perguntou a professora que também era a psicóloga da escola.

- Tá. -ela respondeu. Mentindo, óbvio. 

- Por que toda grávida é depressiva? -perguntou Lucas. Não, eu não aguentei.

- Professora, posso dar uns murros no meu colega de classe? -perguntei com a mão levantada.

- Se você tiver coragem bate aqui. -disse Lucas dando dois tapas leves no próprio rosto.

- Não, você fica aí! -disse a professora para mim ao mesmo tempo em que Jake me impediu de levantar.

Lucas é otário, eu não sei nem porque ele vem pra aula se não está em si.

- Que história é essa? -perguntou a professora. 

- Aeeee, Abby, isso que disse que ele era ruim de cama! -gritou uma menina no canto da sala.

- Vocês dois -disse a professora para Lucas e Abby- e Cody, venham aqui fora rapidinho. 

Sai com eles e ela pediu para explicar tudo. Não demonstrou ficar chocada nem nada, aliás, ela não podia desesperar ninguém, Abby pediu para que não contasse aos pais dela e ela disse que tudo bem e que ia ajudá-la.

~Seu POV~

- Não faz isso. -disse Mike quando na estávamos bem próximos.

- ...

- Eu posso querer mais que tudo, de verdade. Mas você é quem vai se magoar depois e sentir culpa.

- Que?

- Você tem namorado e você tá num momento ruim.

- Eu não queria ter, eu não vou conseguir olhar na cara dele, e não só na dele.

- Eu sei, resolve isso primeiro.

- Você tá certo. Eu não posso ficar com você. 

- NÃO!! Eu não disse isso!

- Você sabe que eu não posso.

E eu sei também que não deveria ter o procurado. Ele me ofereceu um pouquinho de cocaína, mas foi só um pouquinho, eu juro, nem deu nada.

- Eu sei, mas eu quero. -disse Mike.

- Não tem nenhuma lei nem nada pra fazer pra que você possa ficar em liberdade? Faz tempo que você tá de escondendo. 


- Acha mesmo? Acho que nem o seu dinheiro paga o advogado que eu preciso, tem que ser muito bom.

- Pois é, que ideia. E eu...tenho que voltar.

- O que? Você vai pra escola amanhã? 

- Tenho que ir, ele disse que ia...

- Não se eu matar ele primeiro. -ele sussurrou no meu ouvido.

- Não. Quando eu tiver coragem de contar pra minha mãe, eu quero que ele seja preso e sofra mil vezes o que eu sofri na mão dele. Mike, eu só tenho medo de ele fazer de novo.

- Você sabe que tem a mim.

- Bom saber que além de apoio moral tenho o apoio...você sabe.

- É.

Me despedi e sai andando pra casa. Entrei e todos estavam lá. 

- AONDE É QUE VOCÊ TAVA? -perguntou Math. Eu ignorei e então ele veio até mim, me segurou pelos braços e perguntou de novo. Olhei pra cara dele e ignorei novamente.

- AMOR, NUNCA MAIS FAZ ISSO! -disse Cody vindo até aqui também. 

- Que cheiro de perfume de homem. Reconheço de algum lugar. -disse Jake. Ninguém pediu a sua opinião, moleque! 

- Não é só você que tá sentindo. -disse Cody. 

- Não fala mais, não?! -meu irmão me chacoalhou- Não vou te soltar até falar.

- Não me olha com essa cara. -disse Jake- Eu não tô sentindo cheiro só de perfume, e olha que eu não falei.

- Você não tem nada com isso. -eu disse.

- Só porque você foi grossa eu vou contar.

- Ah, bebêzão, conta vai, só porque eu fui grossa com você, por favor. -revirei os olhos.

- Cheiro de cigarro e cocaína. -disse Jake.

- Cigarro?! Com quem você estava? -perguntou Cody. 

- Ninguém. Fumei por conta própria. -respondi seca na maior naturalidade.

- (SeuNome), por que você fez isso? -Alli levantou do sofá. Ela me chamou pelo nome, ela está super brava porque ainda acha que eu menti sobre o estupro.

Math deve ter ficado tão chocado que me largou. Subi em silêncio para o meu quarto. Deitei na cama e comecei a pensar que dessa vez não tinha jeito, alguém viria. Peguei o meu celular, cliquei no snap e foi para o gravador de áudio. 

- Já tá dando pau? -disse ao celular.

Voltei e cliquei no twitter, de novo no gravador. Bateram na porta.

- Espera, um áudio? Eu nunca grav...Entra! -disse porque a pessoa era insistente.

- Oi. -disse Cody. 

- Oi. -respondi sem olhar para ele, curiosa para saber o que havia no áudio. 

- A gente vai conversar e você vai largar a porra desse celular. -e bateu a porta.

- Tá. -bufei e o coloquei de lado sentando na cama, ele fez o mesmo.

- Com quem você estava e fazendo o que?

- Eu tava sozinha! Que enchessão de saco vocês! 

- Não é nada disso, Jake sentiu cheiro de perfume de homem.

- Mike. -respondi mais baixo do que como num sussurro. Baixo e rápido. 

- POR QUE?!

"Não grita", pensei. 

- Eu não tinha ninguém pra conversar!

- Seus amigos e eu somos ninguém?!

- Como é que você tem coragem de falar isso? Já esqueceu que ninguém acreditou em mim? Nem mesmo o meu irmão, Cody. Nem ele.

- Você fala mal do homem, fala que ele te persegue sendo que nem é verdade, ou talvez nem tanto assim e do nada vem e fala que ele te estuprou?! Quer que alguém acredite?!

- Um segundo. -peguei meu celular- Acho que esse áudio foi quando eu cliquei em algum aplicativo sem querer no dia do reforço... -abri o áudio e lá estava toda a cena falada do que o professor havia feito comigo. 

Se eu não estivesse tão mal com isso, se fosse algo menos sério, menos nojento eu teria esfregado na cara do meu namorado. 

- Escuta aí. -eu disse. 

- Tem quase duas horas... -ele já disse reclamando.

- "Acha mesmo que você veio pra fazer reforço?" -perguntou no áudio a voz de Jason e eu comecei a chorar. Cody pegou o celular da minha mão de boca aberta.

- Tira isso de perto de mim!


Ele desceu correndo, abracei o cobertor e continuei chorando.

~POV Cody~

- Gente, vocês têm que ouvir isso. Ela não tava mentindo.

Pulamos algumas partes mas ouvimos o necessário para criar mais raiva dele do que a (SeuApelido).

- Coitada. E depois de tudo que a gente disse pra ela... -disse Alli enquanto nos olhávamos todos com culpa.

- Depois do que EU disse pra ela! -disse Math se levantando e subiu.

~Seu POV~

- (SeuApelido), desculpa. -ouvi a voz do meu irmão- Desculpa. -ele se ajoelhou ao lado da cama olhando para mim que estava agarrada ao cobertor chorando.

Eu não respondi. Não conseguia responder, sou orgulhosa demais.

- Desculpa por não ter acreditado em você, eu podia falar que você entende meus motivos mas não, não vou falar. Eu tava muito muito errado, me desculpa. -ele levantou o braço para colocar a mão no meu rosto e enxugar minhas lágrimas. 

Bati em sua mão e eu mesma enxuguei.

- Não faz assim, por favor. -ele pediu.

Eu poderia responder "faço" e mais um monte de coisas mas sei que ele fica mal quando eu não dirijo uma palavra sequer a ele. Fechei os olhos enquanto ele ainda falava.

- Deixa eu deitar com você e te fazer dormir. Eu não vou te deixar chorando a noite toda.

- Eu não preciso de você pra absolutamente nada. 

- Talvez não mas eu quero te ajudar.

Essa deu dó mas...

- Eu não preciso que você faça nada por mim, entendeu? Ou quer que eu desenhe?

- Não! Não fala isso... -interrompi:

- Em dezesseis anos você nunca me disse algo que magoou tanto. E eu só quero pedir que você avise pros outros que eu não quero dó nem desculpa deles porque eles me magoaram da mesma forma. Eu fui ver o Mike sim e agora não quero mais que vocês interfiram na minha vida, me deixem em paz e principalmente você. De agora em diante eu só tenho cinco irmãos. 

Ele levantou e eu ouvi a porta fechar suavemente.

~POV Cody~

Math desceu quase chorando.

- Não perguntem. -ele disse- Ela falou que não quer que ninguém vá lá, ela não quer desculpas nem nada. Ela foi ver o Mike e já sabemos onde isso vai dar de novo.

- A gente não vai deixar isso acontecer. -disse Alli. 

- Você não entendeu? Você não escutou as palavras que ela disse, ela tá morrendo de raiva e disse que agora só tem cinco irmãos, eu não existo mais pra ela.

- Se ela me ouviu da primeira vez, vou tentar essa de novo. Se eu...levar uma dessas também eu digo que fui lá pra...pra devolver o celular. -eu disse e fui.

~Seu POV~

- Espera só um pouco, eu não quero que você pense no Mike! -eu disse.

- Espera um pouco, você não sabe bater na porta ou o Matthew não te deu o recado?

- Não fala assim comigo.

- E VOCÊ PODE ME TRATAR DO JEITO QUE TIVER VONTADE, NÉ?

- Eu sou o seu namorado.

- E EU TAMBÉM SO...você era.

- Eu não tô ouvindo isso! -ele bateu a porta- Você foi ver aquele cara e do nada vem me falar isso?!

- Eu não tenho em mente te trocar por ele! Eu só não aguento mais você. Se ao menos tivesse acreditado em mim...

- Foi uma vez!

- NÃO! Cody Robert, não foi uma, foram várias e depois do amor a base de um relacionamento é a confiança. Depois o respeito, coisas que eu acho que já não existem há muito tempo!

Percebi que ele não estava incomodado em me ver chorar, no fundo fiquei um pouco feliz.

- Eu não sei o que ele te disse, mas sei que você sabe que ali bem no raso ele quer ficar com você só pra ter o gostinho de ver eu me sentir um bosta por ter perdido pra um homem e talvez não tenha chance de novo por eu ser "idiota".

- Não faz aspas, você é. E não é porque ele é mais velho que o faz melhor, ele pode ser tudo de bom desconsiderando algumas coisas mas quem eu amo é você. 

- Algumas coisas? Desconsiderando a vida porque ele roubou os seus pais, colocou os meus na prisão, meus pais têm filho pequeno, (SeuNome)! Matou pessoas, sequestrou, torturou e vai ver...até estuprou.

- Eu sei que ele jamais faria isso.

- Sabe? Você não deve saber a metade da metade da vida dele. (SeuNome), você precisa abrir os olhos para a realidade, pergunta pra ele se ele não fez, pergunta mesmo, porque eu sei que ele te ama tanto, e é por isso que não quero que fique perto dele, que vai te contar. Você tá recusando desculpas agora mas depois não precisa me procurar pra dizer "você estava certo".

- Não importa.

- Importa sim. Ele pode ser bom pra você mas pro resto da humanidade ele é ruim.

- Que exagero.

- Exagero?! Você viu em quantos países ele tá sendo procurado? A Inglaterra não quer ele nem na prisão de lá e você tá fazendo o que? Escondendo ele!

- Eu não tô escondendo ninguém. 

- Mentir pra polícia é crime.

- Espera só dois anos. Acho que bater na namorada também é.

Ele ficou quieto por um instante e eu controlei o choro.

- Não vai responder? É, acho que a razão não está só com você. 

- Fala baixo, alguém pode ouvir.

- Você só pensa em você, Cody. -voltei a chorar.

- Não, não chora por causa disso, eu não vou mais... -interrompi:

- Não mente. E não é isso.

- É o que? -ele perguntou se aproximando. 

- Eu tô com medo. -disse no momento em que ele colocou uma mão em minha cintura e com a outra colocou meu cabelo atrás da orelha.

- De quê? 

- Ele me deu até amanhã pra aparecer na escola. Ele vai fazer tudo de novo. 

~POV Cody~

Eu realmente não sabia como lidar com isso, como consolá-la. Ela chorou ainda mais ao dizer isso é eu senti mais raiva ainda desse homem.

- Não vai, amor. Eu não vou deixar, eu não vou sair do seu lado e a gente vai dar um jeito nele.

Ela segurou nos meus braços em desespero.

- Não! Não! Não faz nada, ele disse que de eu contasse pra alguém ele ia me matar, Cody. Eu não quero morrer.

- Você não vai. Eu tô aqui.

- Desculpa ter falado que queria terminar.


- Vou ter que te mandar calar a boca. -falei e ela me olhou com a boca aberta e os olhos arregalados- Você não precisa pedir desculpas por nada.

~Seu POV~

- Eu te amo. -o abracei forte. 

Ele não respondeu e retribuiu o abraço. Preferi não falar nada nem pedir que ele me amasse de volta. Talvez ele não ame, talvez não queira falar. 

- O Math e a Alli estão quase namorando. -disse ele.

- Não sei quem são. 

- (SeuApelido), ele ficou muito mal.

- Que fique, Cody! Que fique! Ele nunca me tratou assim, foi o menino que mais me tratou bem a vida toda e do nada vem e me tratar com grosseria? Extrema grosseria e falta de confiança. 

- Melhor menino? Que melhor te trata? -ele deu uma risadinha.

- Você também. -tentei rir. Apoiei o rosto em seu peito e disse à mim mesma "às vezes".

- Ah, bom. -ele me deu um beijo na cabeça. 

- O que você quer fazer? -mudei de assunto. 

- Te beijar muito, óbvio. Mas...sei que você não tá pra isso então eu só quero ficar do seu lado e te fazer dormir porque...desculpa, não que você esteja feia mas parece que não dorme faz tempo.

- Cody...eu tô sem maquiagem e...é, faz tempo.

- Desculpa.

- Obrigada pela sinceridade, demonstra todo o seu amor por mim.

- Eu amo você. -ele me fez cócegas.

- Até parece. -o soltei e me joguei na cama. Ele também fez o mesmo me abraçando. 

- Vai apagar a luz.

- Vai sonhando.

- Vai, tô mandando.

- Tá nada.

- Quer apanhar hoje ou amanhã?

Levantei e fui apagar. Quando deitei...

- Amor, eu tava brincando. -ele disse.

- Tá, tá. 

- É sério, por favor, me perdoa.

- Tira a mão daí! 

- Não, é que eu não tô vendo, foi sem intenção. 

- Sei, você não é nada safado. Também sei disso. -eu disse e ele me abraçou. 

- Não, me desculpa. Eu já disse que não faço mais. -ele sussurrou. 

Virei para ele e senti sua respiração perto da minha.

- Você já disse isso mil vezes! Para de prometer.

- Não, é sério. 

- Se eu fosse você parava pro seu próprio bem.

- Ui, que medo. Você não vai contar pra ninguém. 

- O Mike sabe e te odeia por isso.

- Se ele contar eu vou bater é nele. 


- Boa sorte. Ótima sorte.

- E não fala dele porque o que ele sente por mim é recíproco. 

- Tá. 

- Posso te falar uma coisa que odeio em você? 

- Pode.

- Sua teimosia.

- Sua ironia.

- Sua capacidade de atrair encrenca.

- Seu jeito de ser encrenqueiro. 

- Sua mania de achar que sempre está certa.

- Sua mania de achar que eu não estou certa. 

- Seu negócio de conseguir atrair tantos meninos pra me causarem ciúmes.

- Negócio?

- Você tem um, não sei o que é.

- Sua paranóia então! 

- Seu jeito de me provocar no sentido ruim.

- Seu jeito de ser bruto, grosso e idiota só comigo!

- Não precisa chutar o...

- Precisa, é verdade.

- Desculpa.

- Vamos voltar à discussão do porquê ainda estamos juntos?

- É que no fundo eu acho que tem uma faísca de que ninguém mais no mundo me aguentaria ou alguém além de mim te aguentaria e...amor.

- E o amor vem por último, né?

- A gente dá um jeito. -ele fez uma pausa- Me dá um beijo.

- Não quero.

Ele não ficou bravo. Deve ter ficado triste porque me abraçou e ficou quieto. Acabamos dormindo e no outro dia, acordamos e tudo mais. 
Fomos no carro dele.

- Cody. 

- Que? -ele parou no farol. 

- Eu não tô pronta, mas o problema é que eu preciso estar.

- E eu tô aqui. -se inclinou e me deu um beijo na bochecha e depois segurou a minha mão. 

- Abriu. -eu disse e ele voltou a dirigir.

Chegamos na escola e numa manobra estacionou super rápido.

- NÃO FAZ ISSO! 

- Eu gosto. -ele riu, abriu a porta, saiu e abriu a minha. Eu sai e ele até me deu a mão. 

- Que te deu?

- Não reclama. -ele me puxou pela cintura e algumas pessoas até olharam, ouvi um comentário "que pegada".


Meus ex amigos vieram cumprimentar o Cody e eu fechei a cara. Nem vieram à mim.

- Cody, pode perguntar pra sua namorada porque ela só tá falando com você? É injusto.

- (SeuApelido), a Alli perguntou se...? -começou Cody.

- Eu ouvi. Fala pra ela que a vida é injusta. -respondi.

- Fala pra ela que o Math tá triste. -disse Math. 

- O Ma...

- Eu ouvi. Mas devo estar louca, nem sei quem é esse.

O sinal de que faltavam vinte minutos pra aula começar tocou. Entramos na escola e vi Lucas e Abby conversando. Fiquei com raiva, ele ainda dando bola pra ela depois do que ela disse.

- Por que...? -sussurrei ao Cody mas ele interrompeu respondendo:

- É complicado, nós vamos lá. 

- Não! Não quero...

- E aí? O que ele disse? -Cody perguntou pra ela.

- Cody, deixa isso pra lá. -respondeu Abby. 

- Não. Ele fez, ué. 

- Fez o que? -perguntei.

- Cody!! -Abby o puxou e ele soltou minha mão. Foram para um canto.

- O que aconteceu? -perguntei. 

- Nada. -respondeu Lucas.

- Fala.

- Não. 

- Lucas!

- Não é da sua conta!

- Tá. -eu disse e virei saindo. 

- Espera, desculpa. -ele me puxou. 

Não respondi.

- Que foi? Tem alguma coisa de errado na minha cara?

- Tem. Seus olhos vermelhos, a sua boca e sua cara parecendo de mais velho igual a do Mike por causa de droga ou sei lá o que.

- Ah.

- Isso que eu falei é verdade, mas...

- Mas?

- Você pede desculpas igual ao seu irmão. 

- E você perdoa ele?


- Sempre.

- Ainda bem. -ele fez uma pausa- É por isso que eu gosto de você. 

- Lucas...

- Eu sei, tudo bem. Ainda mais agora que tenho que fingir que gosto da Abby. 

- Como? -inclinei a cabeça pra frente.

~POV Cody~

- Não, Cody, você não tá entendendo. Eu não posso, não posso, eu não aguento isso.

- Abby! Se acalma, você tá chorando de novo.

~Seu POV~

- Ela tá grávida. 

- É sério...mesmo?

- É.

- Ela tá mentindo, aposto.

- Por que ela mentiria?

- Tá cheio de gente que mente sobre isso por aí. 

- E por que ela mentiria isso? Comigo?

- Porque é a Abby. 

- Mentisse melhor. Olha pra mim, eu sou o único dessa escola que...

- Que?

- Não sou rico.

- Aham, e seus pais na Inglaterra? Pelo que eu saiba eles são ricos sim.

- Me considero órfão, então, sou pobre.

- Não fala isso. 

- É a mesma coisa que eu pedir pra você ter respeito pelos seus pais. 

- Complicado. 

- Aquela hora que você falou do Mike, por acaso não está vendo ele, né?

- Por que lembrou disso? Não, não tô vendo ele aqui não. -olhei para os lados.

- Você entendeu.

- Não. Claro que não, por que eu veria? Não tem motivo. 

- O motivo é você gostar de arrumar confusão.

- Não gosto.

- Gosta. 

- Não gosto. 

- Gosta. -ele disse com gosto.

- Não gosto.

- Gosta.

- Não gosto e para de me contrariar.

- Tá bom, mas você gosta. 

- De que? -Cody apareceu. 

- De nada. -respondi.

- Nada? -Cody me olhou com uma cara um tanto...ameaçadora. 

- É. Quer dizer, nada importante.

- Ah, tá. -ele disse pegando...

~POV Lucas~

Como eu sou idiota! Não pude controlar olhar com raiva quando Cody pegou na mão dela. Com mais raiva ainda com aquela voz e expressão que ele fez e ela disse rapidinho. Ele se acha dono dela e ela aceita isso. Tudo bem se for, porque não vai ser por muito tempo.
Eles saíram e...

~Seu POV~


E na hora da saída eu ouvi Math e Josh conversando ao meu lado enquanto pegava minhas coisas do armário.

- Eu só preciso pegar uma menina antes de namorar com a Alli. -ouvi Math falar.

- Quem?

Dei uma espiadinha e vi ele virando o celular para Josh.

- Ela. -meu irmão respondeu.

- Mancada...

- Eu sei. Nem ligo. -Math riu. 

- Vai ser na frente dele?

- TEM que ser.

- Eu queria estar lá pra ver.

- Não vai dar. E eu queria estar com você toda hora pra ver se você não vai contar pra Alli!

- Quando eu namorava a Ruby, eu pegava a Alli e aquela outra menina da praia e você não contou nada.

- Eu nem sabia de você e da Alli.

- Foi mal.

- É assim mesmo. Mas olha, três ao mesmo tempo, moleque. -meu irmão disse e ouvi eles fazendo um toque.

- Tá. Eu tô indo que é minha mãe que veio me buscar e ela já tá aí. 

- Aww. 

- Não zoa não! Senão eu conto.

- Fechou, não falo mais nada!

- É bom mesmo, você não vai querer levar umas porradas. 

- Não, com certeza. -ele riu.

- Boa sorte. -disse Josh saindo.

- Já me viu alguma vez precisar de sorte pra pegar uma menina?

- Não, mas de qualquer jeito, sorte pra...bom, vai que rola mais do que só pegar ela na frente dele.

- Entendi. Pode deixar, você vai ter orgulho de mim.

- Eu tenho certeza. -disse Josh virando as costas enquanto os dois riam.

Ai, que curiosidade pra saber quem é a garota, que mancada com a Alli e que filhos da mãe por conversarem assim numa boa, rindo como se nenhuma delas que foram citadas significasse alguma coisa.

Demorei um pouco para chegar em casa porque depois da aula Cody foi chamado na sala da diretora. 
Nada importante, cheguei uma hora depois que Math em casa e ao abrir a porta eu vi quem era a menina. Fiquei de boca aberta e senti Cody apertar a minha mão que segurava de raiva por ver meu irmão fazer isso com a irmã dele. O pior é que não estavam apenas se beijando, eles estavam numa pegação...

CONTINUA? GENTE, VOCÊS PREFEREM QUE EU POSTE DE UMA EM UMA SEMANA (É O MÁXIMO QUE POSSO CONSEGUIR) OU DE DUAS EM DUAS? 
POR FALAR NISSO, OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS ♡